Para entendermos o racismo se faz necessário a compreensão histórica do tema. Ao longo da história várias teorias surgiram para justificar a dominação dos europeus sobre os negros, uma vez que estes eram considerados inferiores, primeiramente, apenas por suas características físicas. A cor foi um fator crucial! Com justificativa de expansão econômica, a colonização foi muito importante neste processo, uma vez que as sociedades descobertas foram consideradas como primitivas, enfatizando a justificativa européia de dominação cultural.
A primeira teoria diz respeito ao racialismo. Consiste em segregar o outro apenas por suas características físicas e hereditárias, não havendo nada de científico nesta diferenciação, criando-se assim novas raças ou sub-raças. A segunda teoria vê o racismo como algo inerente aos grupos humanos, uma vez que os mesmos delegam algumas sociedades como modelos a serem seguidos. Por, fim a terceira teoria vê o racismo como fruto as discussões do Iluminismo, no qual os conceitos religiosos são deixados de lado e começa-se a questionar a supremacia do gênero masculino e da raça branca.
Com a descoberta das Américas, e com a prática da escravidão a idéia de raça começa a ser vinculada ao negro/africano, delegando aos mesmos uma condição de inferior pelo simples fato de serem negros/africanos.
Assim, várias teorias e concepções foram surgindo a fim de justificar a dominação dos brancos sob os negros. A primeira concepção associou ao negro características de animalidade destacando-o como o oposto das civilizações européias.
Teses que defendem a humanidade originada de diversos grupos humanos, originando várias subespécies (poligenistas) passaram a justificar a escravidão pelo critério da aparência. Assim, as características da cor da pele e da animalidade hierarquizaram a sociedade, instituindo aos negros inferioridade.
Porém, a teoria aceita é a do monogenismo, que diz que a humanidade é originada de um único tipo primitivo, sendo que as desigualdades raciais determinaram diferenças na moral, beleza e inteligência. Assim, devidos às diferenças, as raças não poderiam se misturar, uma vez que poderiam perder características próprias (degeneração).
O racismo científico foi também uma teoria que encontrou força. Consiste em separar os indivíduos por raça de acordo com as características físicas (cor e outros) e também morfológicas, usando mesmo da biologia como ciência. Assim temos que a medição e o formato do crânio - ciência craniológica - distinguiam os superiores dos inferiores.
Com a inserção da pesquisa de campo a antropologia moderna passou a analisar um elemento cultural diante de toda conjuntura daquela sociedade. Assim, eles entenderam que cada sociedade tinha um método de organização, cultura, costumes, etc, que não poderiam ser dissociados um do outro para a compreensão daquele espaço.
A antropologia física, por meio de Franz Boas, provou que as características morfológicas, anatômicas, não eram suficientes para a determinação de diferenças morais, de habilidades ou comportamentais. Afirmou que as características biológicas podiam ser mutáveis, sendo produto do meio social, resultante do meio ambiente e das condições de vida. Desta forma a teoria do determinismo racial, que consiste em escolhas, moral e inteligência definida pela raça, não foi mais aceita, dando lugar a um conceito de cultura.
O conceito de cultura, trabalhado pela antropologia cultural, tem duas vertentes: a que a vê como expressão de uma conjuntura que agrega valores econômicos, religiosos, artísticos, entre outros; bem como, a que enxerga a cultura fruto das relações sociais entre os seres humanos.
Após vários embates e acontecimento históricos importante, como por exemplo, o apartheid, é publicada a 1ª declaração sobre raça que nega qualquer envolvimento de característica físicas com o desenvolvimento moral e intelectual dos indivíduos.
Nesse sentindo, surgiram teorias de valorização do negro e sua cultura. Assim temos o desenvolvimento do pan-africanismo e da negritude. O pan-africanismo surgiu com intuito de os negros desenvolverem sua identidade própria, em torno de uma origem comum. A negritude consistia em uma política de valorização do negro e sua cultura.
* Claudia Isadora Santos Nascimento é aluna do Curso de Pós-graduação em Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPPGeR, pela UFES. A Atividade faz parte da Avaliação Final do Módulo III, Blogfólio.
Referência Bibliográfica:
Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça | GPP – GeR: módulo III / Orgs. Maria Luiza Heilborn, Leila Araújo, Andreia Barreto. – Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.
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